Lagos, Algarve, Portugal
A Cidade
O concelho de Lagos tem uma área de 217,6 km quadrados distribuídos pelas freguesias de Barão de S. João, Bensafrim, Luz, Odiáxere e Santa Maria e S. Sebastião que compõem a Cidade de Lagos.
Fica a 78 quilómetros da capital de distrito, Faro, e a 37 km do Cabo de S. Vicente, situando-se na costa da vasta e formosa baía do mesmo nome, junto da foz da ribeira de Bensafrim. Integra uma série de lindíssimas praias que surgem por entre as dobras da rocha, que o mar, a muito custo, rompeu.
Devido à cor amarelada das rochas que debruam este litoral é que se lhe atribui a denominação de Costa do Ouro.
A Cidade de Lagos ergue-se entre quatro colinas, ao Norte com a igreja de S. Sebastião por ponto dominante, ao Sul um alto que está, actualmente, urbanizado e onde existiu a antiga igreja de Santa Maria que foi destruída em consequência do terramoto de 1755, as outras duas são colinas intermédias. Antiga praça de guerra resta, hoje, das suas muralhas, quase toda a frente terrestre. Fora das muralhas registam-se alguns núcleos populacionais como a Ponte de S. João, a Aldeia da Porta do Postigo, junto do cemitério de Santo Amaro, no ponto mais alto da cidade, local onde a população se refugiou aquando do terramoto de oitocentos, a Porta dos Quartos e a Ribeira, junto ao Forte da Ponta da Bandeira e do marégrafo, sobre o molhe-cais.
História
Integrada na pré-história da extremidade sudoeste do Algarve, a área do concelho de Lagos é habitada desde tempos recuados, como o demonstram diversas estações arqueológicas.
O primitivo nome da cidade – Lacohriga – aponta para uma origem celta, cerca de 2.000 anos a. C., sendo, durante um largo período, porto frequentado por fenícios, gregos e cartagineses.
Numerosos vestígios falam do passado de Lagos, mas a época a partir da qual o concelho se torna, em termos históricos, efectivamente conhecido é a partir de 228 a.C., quando se celebrou o tratado entre Cartagineses e Romanos, que fixava o Ebro como fronteira entre eles. Data dessa época o florescimento de Lacóbriga, que se manteve até ao século VII e que foi a antepassada da Lagos actual. A origem de Lacóbriga é bastante desconhecida. Ao que parece, existiam duas, edificadas em locais diferentes. A primitiva povoação teria sido destruída por um terramoto ocorrido no século IV a.C., sem deixar vestígios. A segunda Lacóbriga, cuja fundação se atribui a Bohodes, capitão ou governador cartaginês que fez parte das forças militares de Cartago, que ocuparam o sul da Península Ibérica, no final do século IV a.C.
Lacóbriga virá a ser uma importantíssima cidade na época romana. Num manuscrito do século XVIII, Antiguidades de Lagos e Suas Igrejas diz-se que entre as duas Lacóbrigas existia uma distância de quase meia légua. A partir de 713 quando os árabes são já senhores absolutos da Península, não mais se registam referências a Lacóbriga.
Segundo a história mais recente, Lagos foi conquistada definitivamente aos mouros no ano de 1249 por D. Paio Peres Correia, sendo o ano de 1266 apontado como a data em que Lagos recebeu o primeiro foral, atribuído por D. Afonso III.
No entanto, foi no reinado de Afonso IV que Lagos se afirmou, precisamente com a reconstrução das muralhas da praça e com a vinda para a cidade do governo militar do Algarve.
A 5 de Janeiro de 1361, no reinado de D. Pedro I, Lagos passa a Vila e Concelho com jurisdição própria. Até esta data estava sob o comando do Bispo de Silves que o havia recebido por doação do rei de Castela.
Lagos revela-se com bastante importância, em 1415, no reinado de D. João I, em virtude dos Descobrimentos Portugueses.
O Infante D. Henrique viveu em Lagos, no castelo, depois Palácio dos Governadores, e que também foi destruído pelo terramoto de 1755. Lagos foi, efectivamente, a base das empresas marítimas, o porto de construção e armamento dos navios e o ponto de partida de quase todas as caravelas que partiram para as Descobertas.
Os lacobrigenses, Lourenço Gomes e António Gago partiram de Lagos à descoberta de novas paragens, tendo em 1419 descoberto a ilha da Madeira. De Lagos partia também, mas em 1434, no reinado de D.Duarte, o navegador Gil Eanes, para dobrar o Cabo Bojador.
A partir desta altura, Lagos tornava-se um ponto de escala obrigatória para quase todos os navios.
O séc. XV é o século de ouro de Lagos. Durante cerca de quarenta anos, a cidade, devido à sua localização frente a África, torna-se porto de partida e chegada das naus que, ano após ano, iam descobrindo a costa desse continente. Centro do comércio dos produtos exóticos, do marfim, ouro e prata trazidos de África, Lagos vê edificarem-se novas igrejas, aumentar o número de casas, crescer o número de comerciantes e de banqueiros nacionais e estrangeiros.
Lagos é elevada a categoria de cidade em 27 de Janeiro de 1573, pela mão do Rei D. Sebastião. O monarca terá ficado impressionado com o acolhimento das gentes de Lagos.
A sede do Bispado é transferida de Silves para Lagos, que se torna a capital de todo o Algarve, passando a ser a residência de Capitães Generais e Governadores deste Reino.
O terramoto de 1755 e o maremoto que se lhe seguiu destroem grande parte da cidade que, só a partir de meados do séc. XIX, com a indústria de conservas de peixe e o comércio, inicia a recuperação da sua prosperidade.
Património
Lagos é, desde tempos imemoriais, uma cidade rica em história e beleza natural, bem preservada, com amplas áreas pedonais, parques e pequenos recantos, cheios de cor e vida, que convidam a partir à sua descoberta.
Neste contexto, não podemos deixar de referir os guardiões da História e da Arte em Lagos, cujos expoentes máximos são a Igreja de S. António e o Museu das Descobertas.
Para além destes, referimo-nos também aos museus de Etnografia, Arqueologia, Numismática e Arte Sacra.
As estátuas do Navegador Gil Eanes, Infante D. Henrique e D. Sebastião, o Tríptico à Batalha de Alcácer Quibir, são alguns dos pontos fortes a visitar, os quais não pode perder a oportunidade.